quarta-feira, 10 de abril de 2013

Algumas coisas são impossíveis de contabilizar. Não dá pra contar quanta riqueza eu estou ganhando ou perdendo aqui. E o termo é riqueza mesmo, pela duplicidade de sentidos que ele implica. Eu sempre acho graça quando alguém questiona viagens ou intercâmbios, dizendo que "o fulano perdeu um semestre na faculdade porque estava na Conchinchina", ou "o beltrano abandonou um bom trabalho pra ir pra FimDoMundoTown", ou "o quê diabos essa menina acha que vai conseguir tentando aprender holandês?".

Será que a gente perde mesmo?

Claro que acho que não, se não eu não estaria aqui me encaixando em todas as críticas possíveis. Mas a questão é que acredito profundamente que isso vai muito além de não-perder. E se há alguma coisa que eu quero poder não contabilizar mesmo é o quanto vou ter ganhado ao final deste ano. Das minhas últimas jornadas, por exemplo, trouxe comigo uma moeda tcheca e o amor pela França. Pera lá, eu explico.

No feriado de Páscoa (ah! aqui a gente tem o domingo, mas também a segunda-feira de feriado), botei a mochila nas costas e fui pra Praga, a capital da República Tcheca. A cidade é deslumbrante, diferente de tudo o que eu já tinha visto até então, não só pela arquitetura maravilhosa, mas por peculiaridades como a moeda e a língua. Por lá, o seu dinheiro se multiplica, já que, quando você paga 30 coroas numa cerveja, a conversão faz plim! e você descobre que aquela foi a cerveja (maior e) mais barata da sua vida (cerca de 1,4 euros) - inclusive, falando nisso, por essas e outras os tchecos consomem o maior volume per capita de cerveja no mundo! A língua tcheca também é genial, uma coisa de bêbado (como diria a Helô, minha companhia querida nesse pedaço do Leste europeu), absurda e escrita com acentos circunflexos de ponta cabeça, além de outros sinais gráficos que eu praticamente desconhecia (e olha que eu moro num lugar onde se fala holandês!). Saiba mais e divirta-se clicando aqui (atenção! clica onde tem escrito "listen").

A Lennon Wall (eu faria um texto inteiro só pra ela, porque não dá pra explicar o impacto que tanta cor e diversidade me causaram!), a Charles Bridge e suas luzes, a Dancing House, os mercadinhos, o relógio astronômico... A cidade toda é linda, apesar de estar terrivelmente lotada de turistas que, como eu, queriam tentar extrair um pouco da atmosfera daquele lugar. Assim como senti em Berlim, a cidade é pura história e isso é notável em cada canto, em cada pedaço de revolução, em cada mudança política pela qual o povo da Boêmia passou. Eu até comentei que o mínimo que os tchecos podem fazer é ser mesmo poetas e filósofos ou qualquer outra categoria "intelectual", que é como uma retribuição por viver num lugar daqueles.

Umas semaninhas antes, coloquei o pé na estrada de novo em direção a Paris. E uma semana depois de Praga, novamente Reims. Se você visitar o blog mais para trás, vai ver que as duas são cidades repetidas, e pode até pensar que "figurinha repetida não completa o álbum", mas nesse caso, o ditado não tem razão. Nas duas vezes, o fato de o Lucas (o namorado!) estar morando na França foi a desculpa perfeita para fazer as malas mais uma vez. Mas caminhando com ele por uma das pontes que cortam o Sena, eu não podia deixar de dizer do meu amor pela França. Eu já sabia que isso aconteceria, afinal, não é coincidência esse meu sobrenome e a minha paixão pela língua francesa. Mas agora, aqui, assistindo as paisagens dos campos verdes que cercam a região de Champagne-Ardenne ou suspirando ao ver as luzes da Torre Eiffel se acenderem (eu vou sempre suspirar por ela!), eu percebo que não há mais saída. A França ganhou meu coração e, possivelmente, eu repetirei as figurinhas muitas outras vezes.

Meus hosts brincam que no final deste ano, eu vou ter conhecido mais lugares do que eles, que nasceram e moraram a vida toda nessa Europa-linda-de-meu-deus. Uns amigos holandeses (os que me deram carinho e carona rumo à Reims) disseram o mesmo e, na verdade, eu já conheço mais coisas do que eles. E, talvez, se eles fossem morar um ano no Brasil  conheceriam mais paisagens incríveis do que eu jamais vi na minha própria terra. E olha que eu já vi um bocado de Brasil, devo dizer! Inclusive, foi daí que veio essa minha vontade enorme de abraçar o mundo, porque ela me foi ensinada no berço - nas inúmeras viagens de carro, avião, ônibus, barco ou o que quer que ligasse dentro do meu pai o alarme de "vambora!". 

Mas ainda me cabe mais tanta coisa... Quero muito mais moedas, fotos, postais, amores-geográficos e lembranças infinitas, porque, pelo menos por enquanto, é isso que mata a minha fome.

E eu tenho muita, muita fome.

4 comentários:

Lucas Garcia disse...

Adorei vc ter colocado o Strč prst skrz krk! Hahaha. Se quiser eu posso gravar a pronúncia pra vc postar aqui no blog também! :P

vambora!

L. Pomaleski disse...

Engraçado, aqui em casa não foi feriado na Pascoa. O dia extra que a Holanda tem, não chegou em Fortlaan. hahaha

Lindo, lindo!

Arthur disse...

Como eu sou sempre do contra, na minha opinião esse foi o melhor post do seu blog até agora ;D

:*

Unknown disse...

<3

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