sábado, 19 de janeiro de 2013

Eu tava bipolar em relação a esse post: ao mesmo tempo louca pra escrever e evitando isso ao máximo. Porque há uma possibilidade bem grande de chorar tudo de novo antes que o texto e a palavra acabem. Mas vou apostar na possibilidade oposta, de que as palavras e as lembranças saibam se guardar de um jeito mais gostoso que todo o resto.

Nessa última quinta-feira, me despedi da minha família pela segunda vez. E aí eu começo contando pelo final, de como achei que nunca mais ia parar de chorar quando me vi acenando sozinha e infinitamente para a Isa, Wilma e meu pai no aeroporto de Amsterdam. Eu juro que achei que nunca mais ia parar de chorar na vida. Mas parei, e não demorou tanto quanto parecia. Parei, porque - poxa vida!, quantas outras intercambistas têm a chance de matar as saudades no meio do caminho como eu tive? E ainda mais, quem é que tem a chance de ter uma família tão incrível quanto a minha?

Eles passaram uns 18 dias viajando pela Europa - Barcelona, Roma, Paris, Reims, Bruxelas, Bussum, Amsterdam. Gastaram muito mais que podiam, adoeceram de tanto frio e de tanto andar, e eu já tenho certeza que esses terão sido alguns dos dias mais felizes do meu ano laranja. Ninguém mais poderia me ofertar tanto sorriso, tanto amor.

Nosso primeiro encontro foi em Roma. Peguei meu final de semana de folga e meu primeiro avião aqui para encontrá-los no lugar mais quentinho dos últimos meses. Que delícia ver o sol! Eu não conseguia parar de me encantar com o céu azul e o solzinho que até me deixava tirar um pouco dos casacos. Tínhamos marcado de nos encontrar em Termini, a estação central de lá, e eu duvidei que meu pai não teria um ataque cardíaco de me imaginar pegando uma bike, um trem, um avião e um ônibus para encontrá-los. Mas ele sobreviveu a isso e a todos os outros meios de transporte e baldiações e caminhos com neve que me viu atravessando! Eu estava meio perdida naquela estação gigante e resolvi atravessar de um lado para o outro para tentar achar algum rosto menos italiano. Foi então que vi um homem de chapéu, andando engraçado, se sacudindo de um lado para o outro, e que não poderia ser ninguém menos que meu pai. Não me lembro mais o quê, mas sei que comecei a dar gritinhos e sai correndo para o abraço mais apertado e esperado da vida. Meu coração se encheu de combustível vezes três, a cada abraço.

Daí em diante, só sorri. Comi pizzas, massas, panetone, gelattos incríveis. Joguei moedinhas com a Isa na Fontana di Trevi, visitei o Coliseu (Jader, entrei por você!!), as ruínas do Fórum Romano, o Panteão, o Vaticano (na foto aí de cima), a Basílica de São Pedro, e todas aquelas ruas e monumentos sem fim. Roma é, de fato, uma cidade para se maravilhar (ou, para "comer, rezar, amar", se preferirem). Você vira uma humilde esquina, seguindo o caminho do mapinha, e pá! Do nada te aparece uma construção gigantesca, cheia de detalhes e de nada mais-nada menos que mais de dois mil anos de existência.

Quase perdi o voo de volta (não confie no transporte público italiano!), mas deu tudo certo no final e cheguei para mais uma semana de trabalho, enquanto eles partiam para Paris, onde fui encontrá-los novamente na outra sexta-feira. Andamos o dia todo, pude ver meu parisiense-favorito novamente (salve, Pedro!) e me apaixonei ainda mais pela cidade, agora acompanhada da guia mais bacana e divertida de todas e que consegue amar Paris a cada esquina, mesmo passando mal. E sim, finalmente, meus caros: fui na Torre Eiffel! (aplausos aqui..)


No dia seguinte, fomos pra Reims, a cidade do champagne e do Luquinhas. Além de uma Catedral de Notre Dame (essa da foto ao lado!) ainda mais bonita que a de Paris, a cidade tem um charme enorme e é muito mais bacana do que meu namorado humilde-em-descrições me deixava imaginar. Visitamos a cave do Champagne Pommery, a universidade e a casa do Lucas, e conseguimos a peripécia de fazer a família toda jantar um delicioso kebab. De lá, na manhã seguinte, partimos para cerca de cinco horas em Bruxelas - a menor parada do nosso roteiro. Apesar de estar quase morrendo congelada, conseguimos ver alguns pontos turísticos como a Grand Place (da foto abaixo!), o Manneken Pis e o Parque de Bruxelas, além de claro, todas as gostosuras belgas como chocolates, waffles, batatas fritas e cervejas.

De lá, trouxe meus lindos deslumbradinhos com a neve para essas terras que já estou chamando de minhas. Trabalhei só na segunda-feira, e tive o resto da semana toda de folga, já que meus hosts são incríveis e se solidarizaram com as minhas visitas. Andamos longamente pela neve em Amsterdam (-8 graus, minha gente!), jantamos com a super-querida família da Helô, fomos ao Madame Tussauds, às lojas de queijo, comemos comida tipicamente holandesa (vai vir um post só pra isso, eu juro), congelamos os dedos dos pés inúmeras vezes, compramos presentes e, o mais bacana de tudo, eles vieram na minha pequena Bussum conhecer a minha casa, minha rotina e a minha host family. Preciso dizer quanto amor explodia de dentro de mim?

Juntar essas duas famílias foi inacreditável! Ver a Wilma segurando a Valentine, a Isa se divertindo com as piadinhas do Thjis, meu pai fazendo mágicas para o Lucas e a Noor impressionando todo mundo com um jantar super lindo e chique, preparado especialmente praquele encontro foi... - sem palavras. Eles se entrosaram bem, todos se adoraram apesar da dificuldade linguística, e no fim, meu pai ainda conseguiu soltar umas emocionadas frases de agradecimento, completadas com a promessa dessa minha família dutch de que vai continuar cuidando assim, tão bem de mim. Se eu já não tinha dúvidas quanto ao afeto, agora é também uma questão de honra.

Eu não poderia estar mais feliz. Foi como estar de férias, como juntar meus sonhos todos numa mesma caixinha. Viajar junto faz as pessoas se conhecerem melhor, realça os defeitos e qualidades, e faz a gente se ver melhor também. A minha cumplicidade com a minha irmã, meu respeito e carinho pela minha madrasta, meu amor ilimitado pelo meu pai serão sempre uma parte essencial da bengala em que eu me apoio todos os dias. Quando tá difícil ou quando tá legal.

Não dá pra descrever o tamanho da minha saudade de casa, e do Brasil. De cada um de vocês que se deu ao trabalho de chegar até o final desse post imenso. Mas também não dá pra descrever o quanto de amor e gratidão estão em mim agora, especialmente por esses três, que fizeram meus dias tão maravilhosos durante toda a vida e ainda mais nessas últimas semanas. Obrigada por cada croissant, cada palhaçada, cada foto, cada centavo de euro, cada conversa, cada cada cada...

Como diz meu pai, já não quero mais pensar em "até outubro!" - outubro tá longe e dói. Por enquanto, prefiro pensar assim "tot ziens", "até a próxima!".

5 comentários:

Lucas Garcia disse...

como Ana Luiza já dizia
"ai, nunca sei o que comentar!
sempre acho que meus comentários são probres quando comparados com o que você escreve! sempre lindo, sempre bom ler sobre você friend!"

Unknown disse...

esse foi de longe o meu post favorito!!! acho que é por conta da emoção transbordando a cada palavra... é claro que todos os seus posts são emocionantes, mas esse eu acho que foi mais! enfim, adorei saber o quanto vc está aproveitando ai, saber que vc teve a oportunidade de fazer essa viagem maravilhosa com a sua família e apresentá-los pra sua host family!

Laysa disse...

What a good post! parabéns!
1st of all parabéns because you're making me read in portuguese! each post I learn new words even in Dutch who knew! :p
I really liked it because it made me nostalgic! you are right about Shipol airport it's really a place where I cried a lot the day Vinicius went back to Brazil after our amazing trip in Europe, I think I've never cried as I did in that place! I felt so lonely I guess it's exately what you felt when your family left! but I keep thinking that this airport has also good memories for me: it's the place where I finally met the love of my life after 5 years of virtual relationship!
I've always tried to explain to people that never visited Rome how it feels like a show where architecture is an actor, you're in a place than boom something amazing, you keep walking wow even better! it's really the most "spectacular" city I visited, especially when you study architecture, we keep studying architecture history and read about all those monuments and buildings then we finally get to see them! I was so emotived inside the Coliseum!
As we say "les voyages forment la jeunesse" "the travels make the youth grow", I think it's totally true, you're having a lifetime experience enjoy every second of it ;)
Travelling with the one you love is even better!
Anyway I wrote a big comment today because I'm really feeling "saudades" of travelling, of Brazil, of my love, my friends, and my family! I think I've never had the ocasion of thanking you! for being part of my travel experience! for welcoming me between your friends! thank you for being so friendly. For me you really reprensent warm Brazil! so remember you're not just Déborah, you're the ambassador of your country! you know how to welcome people and to make them at ease! Brazil should be proud of you ;)
Tot ziens! :p

luandinha =) disse...

realmente, a quantidade de emoção a cada linha acabou me emocionando como leitora e me fazendo sorrir e me alegrar por esse momento de vcs! nada melhor do que estar em família. me lembrou a visita da minha mãe quando eu era au pair nos eua, parece um sonho ter aquela pessoa que a gente tanto ama conhecendo a nossa rotina, vendo que estamos bem e matando as saudades, claro!
bjos

Luíza Leão! disse...

família! família! pessoas!, o que me leva pro México de novo e de novo e denovo são as pessoas queridas!..e como uma vez me disse alguém "pessoas boas encontram outras pessoas boas!". fico muito feliz por todas essas lembranças, todos esse momentos tão bons! Deh, sei que outubro ta longe, mas de cá, do post e das fotos, seu ano laranja ta sendo tao gostoso!as vezes doido, mas muito bom. entao continue curtindo muito cada pedacinho do seu ano laranja que aqui te esperamos em breve! te mando um abraço!!

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